sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O amor é uma via de mão dupla.

Creio ainda que escrever seja uma das tarefas mais difíceis no mundo talvez porque nós, digo isso principalmente à geração fissurada em tecnologia, tenha cada vez mais medo de mostrar e/ou dizer sobre seus sentimentos e muitas vezes quando escritos geralmente transpassados para a terceira pessoa do singular, sendo que a necessidade seria a primeira.
Acabei de ler um livro, trágico, emocionante, cativante e sincero. Sim, ele tinha romances proibidos (o que teoricamente da mais energia ao livro), mas fora isso tinha amor, tinha paixão, tinha sinceridade e com certeza todos nós gostaríamos de viver histórias semelhantes relatadas no livro.
Hoje não me atentarei a uma resenha sobre o livro embora ele esteja claramente em meus pensamentos nessa postagem, deixo isso para um próximo dia.
Hoje eu escrevo aqui sobre relações descartáveis, a falta de romantismo das pessoas, a saudade... Trocamos cartas de papéis no quais às vezes demoravam dias para chegar por mensagens instantâneas, de certa forma isso tornou tudo mais prático e eu concordo plenamente com isso, mas por alguma vez na sua vida você já reparou na forma como a pessoa lhe escreve? O tempo que ela te dedica para escrever como foi sua semana?  Já parou para pensar na entrelinhas que uma mensagem de texto pode ter, a forma como ela é apagada e esquecida assim tão brevemente?
Fico por horas imaginando, como seria me corresponder com alguém cerca de uns 60 anos atrás, cartas curtas, cartas longas, uma conversa que só seria respondida talvez em dias, semanas, o que me levaria a pensar o que o outro estaria fazendo, a saudade traduzida em cada curva que uma letra trazia.
Vivemos em um mundo prático, onde relações são terminadas por mensagens instantâneas talvez numa tentativa frustrada de não tiver que olhar nos olhos cheios de lágrimas, as esperanças de alguém se dissolvendo com o tão temido fim... Talvez se esconder entre tantas palavras que absolutamente não dizem nada sobre o que realmente estão sentindo.
O tão temido "se" se tornou famoso, e se eu tivesse ido viver uma vida com ele? E se eu tivesse evitado aquele encontro? E se a gente tentasse novamente a fim de recuperar o amor? O “se” meus caros são incertezas que não cabe mais a nós pensar nelas, o tempo não irá voltar.
Dizem que o tempo apaga tudo, que nos esquecemos de tudo com o tempo mas eu garanto que cada vez que pegamos uma carta para ler, seja ela de um mês, um ano ou sei lá 10 anos atrás , paramos e pensamos em todo o sentimento que tínhamos ao receber ela ou até mesmo consegue enxergar a forma como aquela pessoa diria aquelas palavras pra você.
Hoje as relações se tornaram tão descartáveis que vemos a relação com o próximo com o ar de "se não for do jeito que eu quero eu termino e acabou" e não pensamos o quanto talvez a gente incomode o outro com alguma mania nossa, viramos extremamente egocêntricos e esquecemos que temos defeitos também. 

Infelizmente o mundo se torna cada vez mais assim, na busca por amores mas sem querer se doar, o amor hoje tem quase um selo de validade. Que as pessoas, isso me inclui, consigam enxergar além do físico e sejam capazes de amar e se doar da mesma forma que querem ser, o amor é uma via de mão dupla. 

4 comentários:

  1. Belo texto...a tecnologia, e mais especificamente as redes sociais, têm sido muito mais maléficas que benéficas aos relacionamentos, de alguma forma queremos que a praticidade e conveniência também se aplique a quem nos relacionamos, estamos "mimados", falta dedicação, falta esforço, não tem mais a espera, a saudade, coisas que fazem valorizar muito mais um relacionamento...

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  2. Como diz aquele profeta bíblico chamado Jesus: O amor esfriou. As pessoas hoje em dia não se amam mais, nem homem e mulher nem fihos, nem pais.. São bem poucos aqueles que relament ese interessam pelo amor, por se doar. O maior amor ainda é aquele de Deus por nós. E esse, nunca irá acabar. Belo texto. Beijokas e sucesso

    http://juliana-editions.blogspot.com.br/

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  3. Logo no início do meu namoro, eu e meu namorado costumávamos escrever cartas um para o outro e esconder em nossas roupas, mochilas, a fim de que o outro encontrasse mais tarde como uma surpresa. Ainda tenho todas estas cartas até hoje, já fazem 6 anos, ainda recebo uma aqui e outra ali, ocasionalmente. E é aí, quando pego algumas destas antigas cartas para ler, que sinto o tanto de cuidado que ele teve para tirar um pouco do seu tempo e me contar sobre seus sentimentos naquele momento, como no dia que seu cachorro morreu e ele só queria conversar com alguém, então me escreveu abrindo seu coração. Acho que o que falta hoje para as pessoas é essa vontade de abrir seus corações sem medo. Amei o texto, senti uma conexão enorme com ele. Aliás, mesmo que não queira resenhar, qual o livro que você leu? Fiquei curiosa!
    Beijo!
    Blog Insaturada

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  4. Excelente post, adorei ler! :)

    www.daysstyle.blogspot.pt

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