Creio ainda que escrever seja uma das tarefas mais difíceis no
mundo talvez porque nós, digo isso principalmente à geração fissurada em
tecnologia, tenha cada vez mais medo de mostrar e/ou dizer sobre seus
sentimentos e muitas vezes quando escritos geralmente transpassados para a
terceira pessoa do singular, sendo que a necessidade seria a primeira.
Acabei de ler um livro, trágico,
emocionante, cativante e sincero. Sim, ele tinha romances proibidos (o que
teoricamente da mais energia ao livro), mas fora isso tinha amor, tinha paixão,
tinha sinceridade e com certeza todos nós gostaríamos de viver histórias
semelhantes relatadas no livro.
Hoje não me atentarei a uma resenha sobre
o livro embora ele esteja claramente em meus pensamentos nessa postagem, deixo
isso para um próximo dia.
Hoje eu escrevo aqui sobre relações
descartáveis, a falta de romantismo das pessoas, a saudade... Trocamos cartas
de papéis no quais às vezes demoravam dias para chegar por mensagens instantâneas,
de certa forma isso tornou tudo mais prático e eu concordo plenamente com isso,
mas por alguma vez na sua vida você já reparou na forma como a pessoa lhe
escreve? O tempo que ela te dedica para escrever como foi sua semana? Já
parou para pensar na entrelinhas que uma mensagem de texto pode ter, a forma
como ela é apagada e esquecida assim tão brevemente?
Fico por horas imaginando, como seria me
corresponder com alguém cerca de uns 60 anos atrás, cartas curtas, cartas
longas, uma conversa que só seria respondida talvez em dias, semanas, o que me
levaria a pensar o que o outro estaria fazendo, a saudade traduzida em cada
curva que uma letra trazia.
Vivemos em um mundo prático, onde relações
são terminadas por mensagens instantâneas talvez numa tentativa frustrada de
não tiver que olhar nos olhos cheios de lágrimas, as esperanças de alguém se
dissolvendo com o tão temido fim... Talvez se esconder entre tantas palavras
que absolutamente não dizem nada sobre o que realmente estão sentindo.
O tão temido "se" se tornou
famoso, e se eu tivesse ido viver uma vida com ele? E se eu tivesse evitado
aquele encontro? E se a gente tentasse novamente a fim de recuperar o amor? O “se”
meus caros são incertezas que não cabe mais a nós pensar nelas, o tempo não irá
voltar.
Dizem que o tempo apaga tudo, que nos
esquecemos de tudo com o tempo mas eu garanto que cada vez que pegamos uma
carta para ler, seja ela de um mês, um ano ou sei lá 10 anos atrás , paramos e
pensamos em todo o sentimento que tínhamos ao receber ela ou até mesmo consegue
enxergar a forma como aquela pessoa diria aquelas palavras pra você.
Hoje as relações se tornaram tão descartáveis que vemos a relação com o próximo
com o ar de "se não for do jeito que eu quero eu termino e acabou" e
não pensamos o quanto talvez a gente incomode o outro com alguma mania nossa,
viramos extremamente egocêntricos e esquecemos que temos defeitos também.
Infelizmente o mundo se torna cada vez
mais assim, na busca por amores mas sem querer se doar, o amor hoje tem quase
um selo de validade. Que as pessoas, isso me inclui, consigam enxergar além do
físico e sejam capazes de amar e se doar da mesma forma que querem ser, o amor
é uma via de mão dupla.